Chovi…

ChoviPétalaFolhaque voae nadae some…Chovi pó,na mãodeslizou a pedra geladailusão do algodãogrão no prato,no asfalto, na contramãomãos.ChoviSem hora sem diaMorta vivaEscrevi.Chovi.Chovi sobre o guarda-chuva.Fechei o tempo e carreguei-me nuvem escura. Cada nuvem que estacou no céu espaço aqui agora. Amassei as cores num canto ângulo, grau… Montei tabuleiro céu frio e então caí…Pingos grossos, densos, profundos, fundos que…

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Terceira pessoa – eu

Não via sentido. Disfarçava, como se fosse personagem riscando dores de mundo… Como se através do beijo não dado colocasse em outra boca um dia próprio. Não havia sentido…Palavras faltavam, fugindo.Sentimentos ficavam parados pela metade, inibidos, inseguros. Não confiavam na imposição de outra pessoa.Era eu quem os amparava.Eu que os embalava chorando, chorando, chorando no colo…

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Se eu chorar…

Se eu chorar você me acolhe? Se eu chorar agora você se encolhe em mim enquanto me acolhe? Se eu chorar agora quando o mundo me engole você me acolhe? Você me engole se eu chorar encolhida nas voltas do frio da fresta da porta do jardim da outra parte do outro lado do muro…

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Do binário errado

O mundo caia na cabeça se desfazendo. Olhou para o céu sorrindo. Sorria enquanto o mundo caia na cabeça. Na janela, sinais do vento. Quando o trem moveu os trilhos um grão de pó ficou para trás. O café esfriou na cafeteira sem que alguém bebesse o último gole morno. Um pássaro morreu na calçada,…

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Era quase…

Em qual hoje fechar os olhos?Quando desmorona o mundo sentido no buraco da alma.Tudo tudo desmoronando agora.Passou.Vira pó e nada, nada sai do lugar…E onde meter a frase seguinte? Nova linha, ponto, seguir em frente, parágrafo…Onde descansa a linha do infinito? Beijo na nuca, meu corpo ausente, a boca do lobo. Ausente.Isolada ilha, confins da história…O…

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Tudo que corre, corre…

Uma única lágrima que corre.Corre.Morreu na boca.Alimentou um suspiro seco de ar.Horizontal.Vertical.Esse todo vago que corre quando alguém grita que “tudo corre”.E tudo corre numa tal e precisa perfeição não sinfônica. Desafinada. Alinhada nas cordas de um violino cansado no ombro.Pedras, bolinhas de gude sozinhas que correm, equilibradas umas nas outras. Pedras e bolinhas de…

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Quando as luzes se apagaram

Quando as últimas luzes foram apagadas o que sobrou no prato foi um resto de domingo, uma bola de arroz duro no estômago, livros não lidos… Um silêncio quase vazio, embrionário e forte que respirava lento, lento… Ao fim, quando o quarto foi deixado no escuro, um rosto borrado se escondeu no travesseiro, no calor…

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Quarto vazio

Apaguei as últimas palavras desconhecidas no livro. Assoprei as migalhas de borracha. Escrevi poucas linhas e fechei o caderno vermelho. Deixei o copo na porta. Havia menos, ainda era menos de um gole o que esperava no fundo. Minha cabeça acostumada a girar não girava.  Entrei e fechei a porta. Apaguei a luz. Tirei a…

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Julgamento (parte)

Vou morrer de fome, dormir na sarjeta quando ochá terminar na ponta dos dedos.Vou beijar uma garotae esperar que o cão me lamba.Vou escrever nos murose aos murros,Cantar no banhoDançar no escuroNa calçada e com fones de ouvido.Vou ser julgada,Abandonada.Vou ser abandonada e rir nas águas do lago…Lados de idiomas que me interessam,Lugares onde me insinuo…

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Um canto no impossível…

Daqui a uma hora a noite vai clarear, transmutar-se em dia iniciado, feita de vida nova, renascida…. Em uma hora a noite é clara feito dia. Eu ainda não dormi. Eu não dormi. Na noite parada em horas girando… Aos giros, aos giros. Aos giros Van Gogh eu não sei como foi que aconteceu. Fui…

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