Julgamento (parte)

Vou morrer de fome, 
dormir na sarjeta quando o
chá terminar na ponta dos dedos.
Vou beijar uma garota
e esperar que o cão me lamba.
Vou escrever nos muros
e aos murros,
Cantar no banho
Dançar no escuro
Na calçada e com fones de ouvido.
Vou ser julgada,
Abandonada.
Vou ser abandonada e rir nas águas do lago...
Lados de idiomas que me interessam,
Lugares onde me insinuo desajeitada.
Vou ser julgada
Até os ossos,
Até o fim dos dias
Em todos os (outros) mundos (da)
Na realidade,
De quem determina como é.
Vou ser julgada
Irresponsável,
Sonhadora,
“o mundo é outro e é assim.”
Vou chorar no escuro,
Rir dos passos na calçada.
Vou ser julgada quando não abandonar
Meu definitivo estar só…
Não só estar e só...
Porque já
Não posso - não posso - abandonar meu pouso no escuro
Nem cada palavra,
Cada uma que espera,
Que (me) faz esperar por mim…
Cada uma que me deixa andar por aí
(como uma mãe que prefere confiar),
Que me obriga a andar por aí e
Seguir...
Só...
Só.
Assim...