Se eu morresse hoje…

Eu pisava o degrau quando pensei que ‘se morresse hoje morreria feliz’… Escutava a água caindo sobre as folhas das plantas, fazia silêncio. E do nada lembrei de Clarice Lispector, que quando perguntada sobre o papel do escritor respondeu ‘o de falar o menor possível’. Continuei endereçando a queda da água entre um ‘se eu…

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A luz deitada

Meia-noite começou a aula de filosofia. O avião aterrizou antes das 22h, imagino, não olhei para o relógio. Chove lá fora, em uma semana… Em uma semana, eu ainda não sei. Mas até aqui a imprecisão certeira de um instante onde cabe uma vida me fez respirar e eu respirei. As ruas e as cidades,…

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Eu poderia morar aqui…

Arquipélago de palavras, as mesmas que se repetem e eu repito no rabisco das histórias de um lugar onde poderia viver, não a geografia ou os argumentos. Mas – talvez – o contrário… Invisível, encontrada na lente das leituras quando acontecem, incomunicáveis. Ali onde não estão as palavras contadas, contantes… incontáveis, errantes… A xícara de…

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Mas eu escrevo…

Eu queria escrever sobre um instante em que o único esforço que se deve fazer é o de se deixar levar ao prazer de entrar em uma gelateria e pedir quais são as opções veganas e entre elas então escolher “pistacchio e cioccolato fondente nel cono, per favore”, também este vegano… O único esforço é…

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para Pássaro…

Ensaio retornos, paro nas calçadas ou nas vírgulas, frases restam sem ponto final… Trechos repetem-se no sopro imaterial dos meus ossos ocos rocos, pássaros refazem as luzes no céu. O mistério é eu não saber dizer, Clarice, essa presença incompreensível nas palavras. E a tentativa de dizer esconde ou camufla ou maquia o que seria…

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Me escrevendo

Havia escrito… Desabito realidades, desabito destino… Desabito… Escrevo no escuro. Num fim de noite quando as horas já passavam das horas e os tropeços ultrapassaram ecos e solavancos ocos, quando… Talvez as portas nas costas rumassem odores e palavras inventadas. No meio do escuro escrevera… Escrevo no escuro… A forma das palavras na forma do…

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Em direção a Botafogo, Edith Piaf…

Apanhei o taxi na Avenida do Jardim Botânico em direção a Botafogo. Mal havia me sentado e já percebia aquela voz que há tanto não sentia. Na maior espontaneidade disse que adorava a música que estava tocando. A taxista e eu, quase ao mesmo tempo, pronunciamos… Edith Piaf… Sim, Edith Piaf. Exatamente, eu falei sorrindo……

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Vestígio (talvez sejam tintas)…

Quando a última tela foi posta para secar, as tintas misturadas eram ainda vontade de riscar. Desvestida a roupa, fiz-me das cores e da vontade dos risos riscos. Os tons misturaram, seguiram o próprio caminho na vontade de ser vento… Nestes tempos de passagem, os pingos borrados refizeram o trecho do chão, o desenho dos…

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Casa

De repente eu fui pintada de casa e no parapeito da janela as flores foram molhadas. Eu não sei se foi o cheiro do pão ainda no forno ou se foi a granola queimada… Não sei, mas talvez foi madrugada levando para casa. Talvez tenha sido o caminho de risada. Ou as piadas, as voltas…

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“Aqui onde eu me pergunto onde é aqui…”

“Aqui onde eu me pergunto onde é aqui…” Um objeto onde o ser não cabe, abre… Os olhos banhados no fundo fio da garrafa, o mundo mar do quarto escuro. Aqui onde as horas passam em outro relógio dentro do relógio e o tempo está regendo os ossos que se entortam nas portas abertas do…

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