Eu que não cresci

Quem brincou comigo de boneca, agora tem nas mãos bonecas que movem os pés quando querem ao mesmo tempo em que jogam os bracinhos no ar. Mas eu… Eu que não cresci, fiquei de lado na brincadeira. Mudei de lado na terça-feira e, sei lá, deixei ir por outro trilho, outra margem na folha. Fui…

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Eu Van Gogh de orelha decepada

Tenho dentro um Van Gogh. De orelhas que foram decepadas pelo ruído insistente no ouvido. Cobrança que chegou com juros. Eles empurram garganta abaixo — como num pato de indústria de patê — o mundo que eu deveria ver. Eu não vejo. O dinheiro quase sujo, nos apodreceu numa manhã sem água nem sol. Mas como Van Gogh tenho…

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Uma livraria de mulheres no Porto

De tarde tentei lembrar como fiquei sabendo sobre a Confraria Vermelha, talvez tenha sido numa dessas andanças digitais que começam não sei onde e vão pra não sei que lugar. Acontece que as vezes acabo achando um bom lugar. Achei a Confraria Vermelha – Livraria de mulheres. Na primeiro sábado de sol apanhei o comboio…

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O peso do pássaro morto

Depois de lido o livro agora arquiva uma passagem de avião, um marcador de página e um pedaço de papel com uma data de prazo. Li as primeiras páginas de O peso do pássaro morto no aeroporto e as páginas seguintes numa viagem de trem do norte ao centro de Portugal. A cada punhado de…

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10 anos e uma morte

Já não tenho sono, na madruga desperto. Uma frase solta se agarra a mim num pedido de que dela eu diga. Egoísta que só sabe ser. Eu me preparo como rei em frente ao espelho de ouro para frases em pedaços de anos. O dia exato em que lhe escrevo. Precisei de 10 anos para…

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Enquanto lê o conto da semana

Lê um conto. Daqueles que chegam uma vez por semana. No meio da leitura, enquanto os olhos correm da esquerda para a direita, escreve um conto que não escreve. Espera pelo fim (do conto). Aí vai crescendo em letras erradas aquela ânsia — meio vômito meio choro — não anunciada num “quero minha mãe” criança da pré-escola, adulto que…

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Minha língua roça o mundo

Estão por aí, no mundo, alguns livros que nos encontram e nos levam para lugares que não sabemos localizar no mapa… Esses livros respingam certa nostalgia que nos dias seguintes, ao fechar a última página, ficamos por vasculhar um não sei ao certo o que é, permanece a sensação. É como um sonho que sabemos…

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Eu seria feliz…

Fechei a janela quando resolvi contar sobre tudo aquilo que é feliz quando estou aqui ou lá, das escolhas mais fáceis, das manhãs, daquelas tardes… Num fim de manhã de julho em chuvisco eu cheguei em casa deixando os papéis sobre a mesa  –  o lugar onde tudo fica largado como seguro  -, tirando casaco, desenrolando…

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As coisas que as mulheres escrevem

Em setembro de 2018 me deparei com uma chamada de seleção de textos para uma coletânea de prosa e poesia escrita por mulheres. Na altura, o que percebi, é que se tratava de uma editora nova que pretendia dar atenção à literatura feita por mulheres. Com tal iniciativa a Editora Desdêmona, de Passo Fundo –…

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