Depois de lido o livro agora arquiva uma passagem de avião, um marcador de página e um pedaço de papel com uma data de prazo.
Li as primeiras páginas de O peso do pássaro morto no aeroporto e as páginas seguintes numa viagem de trem do norte ao centro de Portugal.
A cada punhado de páginas eu parava, olhava pela janela a paisagem borrando, ainda era o verão do hemisfério norte. A paisagem continuava ao borrões no horizonte e eu voltava pro livro. Triste e tomada pela sutil narrativa em ponta de lança.
Li o livro antes das críticas e antes de ser premiado. Li porque tive a grande sorte de recebê-lo a tempo para por na mochila. Porque tive a sorte de receber uma mensagem e não um anúncio de marketing. Recebi um livro com assinatura em letras de caneta azul.
A verdade é que os prêmios e tantos comentários – incluindo este que faço – são meros detalhes que não contaminam a força que estas páginas contém. O peso do pássaro morto é por ele mesmo. Um voo no horizonte.
Este pássaro, além de mover emoções sob a terra, cantou um conto que diz que escrever inventivamente, pessoalmente, singularmente, genuinamente livre é possível.
O peso do pássaro morto foi escrito por Aline Bei e publicado pela Editora Nós em 2017.