Estranheza…

  A estranheza de conhecidos lugaresUma vida inteiraA estranhezaE a perda E a pena que desfolha e voa A estranhezaDesconhecida Os lugares mesmosA esmosEstranhosUma vida inteiraMetades inteirasPedaços fatiadosRetalhosPassados (des)pedaçosDescansoDescalçoSem casosRasos desencontrosDesencontradosAo acasoNada casaO acasoRuas pequenasDesencontrosSalvosVazios Nada de estranhoO acasoO silêncio do acasoSem o acaso Presença nadaPassos molhadosA conversa da chuva nos braçosA pele Caminhando ao acasoO acasoEstranhaEstranho o acaso impronunciávelO sujeito…

Continue lendo

Honesto ou…

Teria sido honesto caminhar em silêncio, esquecida de mim em mim e de você – talvez – em você ou em outra vida qualquer. Seria honesto caminhar com silêncio sem dizer impropérios, sem vulgarizar ou maltratá-lo como se não fosse eu dele, sem preenchê-lo como perfumaria, porque os perfumes me enjoam e cheiro em mim…

Continue lendo

Feitura

Tudo em mim é distância.E pássaro e vento.Tudo em mim é pássaro e vento.E distância.Quase tudo em mim é…Quase tudo…DistânciaPássaroVento…Quase tudoPássaroVentoDistância.DistânciaPássaroVento…Quase tudo…07.09.2020

Continue lendo

Onda…

Os cadeados estão sobre a mesa, eu não sei o que significa a manhã. Não me desfiz nem mesmo do lixo. Recolhi as migalhas rasteladas num morro. Na colher do café misturei angústia como canção, fugi de casa para suportar… as asas e as hélices, o som da letra muda, o peito inquieto quieto na…

Continue lendo

Na manhã seguinte…

Foi o desespero que me colocou no papel com uma gota com dedos agarrando a goela, a raiva de segurar o choro e a curva de dizer.Foi o choro quase chorado que me colocou no papel rangendo os dentes, estremecendo cada superfície e cada palavra errada, cada lentidão de dedos e ossos.Afogara-se na garganta cada…

Continue lendo

Desistência… – trecho

(…)“Desisto”Escrevo…Coloco-me para embalar no fundo do poço.“Desisto”, escrevo…Eu fracassei.Eu fracassei tão bem e continuo. E fracasso com tanta má desenvoltura que até fracassando eu fracasso. Fracasso pelas metades. Há resíduos, um pouco de pó e poeira que atrapalham o fracasso.Eu fracassei, engulo com liberdade. Ando só e sigo. É livre, um passo no escuro, divagar,…

Continue lendo

Bilhete…

Há dias, semanas, penso ter sonhos… Não reviro pensamentos, guardo os olhos na superfície das raízes. Não encontro, nem aceso nem dormente, sonho nenhum. Na falta não concluo nem retenho, não chego nem alcanço. Sento-me…E na linha entre um corpo sentado, o sonho e o que vem perco o que não sei. Sou a criança…

Continue lendo

Segunda carta para Pedro…

A primeira vez que escrevi para você foi há cinco anos atrás. Eram palavras que se arriscavam em apresentar um mundo para um mundo que estava prestes a chegar. As minhas frases eram uma cápsula que guardava o ar respingado de um mundo in-dimensionável que se preparava enquanto aquele ser chamado Pedro também se preparava….

Continue lendo