Sylvia nunca me esperou. Vitor não soube meu nome. As esquinas não sabem onde estou. Meu estômago roncava querendo botar pra fora a tempestade tropical, os calos na garganta eram silêncios apertados. Eu queria desaguar nos olhos Eu estava seca queimada como floresta esquecida... Esquecida e abandonada nos corpos vivos queimados até a raiz. Queria gritar. Escrevi. Eu queria vozes nos meus ouvidos Bocas na minha boca Eu queria uma mão dentro de mim Eu fiquei fechada, trancada no avesso do invisível… Eu quis dizer… Eu nunca nunca aprendi. Eu não alcançava a página Eu me perdia antes de chegar na palavra Cada letra desviava-se de mim. Eu esperava até ser um pingo lento no vidro da janela da cozinha. Eu engoli um sopro vago E me aqueci no nada Eram olhos estrábicos E meus vocábulos rasos Eu parei na língua um gole áspero a garrafa de uísque Cílios marejados Pálpebras ressentidas. Eu não insisti Desisti Fingida aleg(o)ria Uma cor para manchar o travesseiro… Eu não sei Em que fim Não resisti… Não insisti. 24.10.2019