Ouvir o cheiro do café…

“Adoro sentir o cheirinho de café”…, ela chama a moça para dizer. E a moça de batom sobre os lábios finos sorri, alimentando a conversa de segundos, desatendendo a lógica do servir. Seu sorriso ao meio é como sabe sorrir por entre um fiapo de conversa se puxando, desfazendo a trama dos fios do pano…

Continue lendo

A salvo…

Da agitação que encontrara nas ruas – as paradas de ônibus lotadas e gente entrando aos amassos de passos mais acelerados, atravessando ruas entre carros, correndo e tudo passando ainda mais apurado que o normal, as sirenes, as conversas trocadas entre calçadas, – entendi o que estava acontecendo, quando no girar da chave na porta…

Continue lendo

Em algum lugar de algum lugar…

Em algum lugar de algum lugar, corre perdendo o voo tentando não perder, ainda não sabe que o tempo, em passos lentos ou não, é tão somente o tempo, sendo sido de ser. Enquanto corre cruza com a personagem de um livro por escrever, mas não há tempo… Sua vida passa ali na vida que…

Continue lendo

Sobre ela…

Apagar a lista dos itens do supermercado… Sobre ela escrever as ideias apagadas, roteiros passantes ao lado, acomodar em frases esquecidas, aquecidas entre rosto e travesseiro, as frases esquecidas… Ficar, abandonar o abandono da desistência ou da insistência, cuidar em deixar a ideia do romance, a página pela metade e as metades das frases. De…

Continue lendo

Do que são feitos os balões de aniversário?…

Saídos das paredes, os balões começaram a murchar. O ar escapa invisível e consistente, solta-se aos poucos e silenciosamente, como se ninguém o visse no fluxo contínuo do escritor que perdeu a dobra do tempo e continua sentado em frente à máquina de escrever. O papel não termina nunca, as letras não terminam nunca, nem…

Continue lendo

Rosto inchado

Quando foi a última vez que tomou antibiótico? Vai precisar fazer internação por 48 horas. Vamos entrar com antibiótico na veia. Vamos fazer exame de sangue e uma tomografia. As palavras me assustam. Enquanto o Uber atravessa a cidade do Rio de Janeiro e talvez essa seja a primeira vez em que olho para bairros…

Continue lendo

Sun waves and salt

Diante do mar apenas. A roupa molhada. Calças longas, amareladas como bege. Camiseta branca, toda costurada leve estampada, talvez ilustração do esporte sobre um trecho infantil. E o corpo, ainda recente, ainda em fase crescente, os ossos e os tecidos, talvez ainda em tempo de novos dentes… No corpo colorido de sol exposto ou de…

Continue lendo

Da feira do largo

1. tentativa: semáforo fechado lida ela na linha nos dedos do crochet anúncio o companheiro entre os carros paçoquinhas e guardanapos nas ruas cruzadas o cruzamento das pernas dos freios da fachada dos fechos o dia depois do sábado na música e nos cheiros violino e cordas sem braço a música de quem vê o…

Continue lendo

Das boas coisas que vivi na FLIP:

as cores das fitas embalando o vento, coloridas, as bandeirinhas para lá e pra cá… os horários marcados deixados para estar, passar-se ao lado, desobrigar, se perder e esquecer tudo que há… andar, andar trôpega entre pedras secas molhadas, pedras caminhadas em patas, pés, passos, ritmos, copos, ritos, pedras poetizadas… chegar antes de estar pronta,…

Continue lendo