Sun waves and salt

Diante do mar apenas.
A roupa molhada. Calças longas, amareladas como bege. Camiseta branca, toda costurada leve estampada, talvez ilustração do esporte sobre um trecho infantil. E o corpo, ainda recente, ainda em fase crescente, os ossos e os tecidos, talvez ainda em tempo de novos dentes… No corpo colorido de sol exposto ou de heranças de outros corpos, corpo de criança nas roupas molhadas de sal.
Indo e vindo
Sorrindo
Rindo como uma brincadeira adulta que as infantilidades decrescidas esqueceram de aprender. 
Um menino - pois não poderia ser mais simples…
Uma menina sem fronteiras, às margens da areia movida no ventre do vento. Um menino vendo lendo lento vindo pela onda como a correnteza dessas, abertas assim moventes, acompanhando o risco do mar de luz acesa. Sim, acesa mas não intensa, as cores sem texturas de um silêncio mórbido, envelhecidas na tonalidade da qual não nasceram, foram quase sempre assim, leggere, a saturação não chegou a luz daquelas horas. Ainda é cedo, porque não houve relógio no pulso e as horas que correm são as que nadaram a picância da expressão idiomática e a ideia que resta é um agora costurando um canto no pensar. Não pesa... Um menino brinca de mar, um menino vestido de asa na manhã contrária dominólizada nas asas das aves que caem imitando o vento no mar. 
Como dizer nas palavras da manhã sem palavras? Como desconhecer as coisas que são dadas pelas palavras dadas a ser? A luz captada na fotografia não é o que estou vendo.
Ver é uma coisa, fotografar é outra…
Coisa é uma coisa, escrever a coisa é outra… coisa.
Fico com o menino desescrito na escritura do menino coisa...
a espera das ondas, quando então vai deitar as mãos na água para pô-las na boca. O gosto do mar dentro de si dado de beber dando de beber, ao mar... 
Uma criança. Sorri à espera do mar em ondas. Um menino soprado de areia, secando na brancura da espuma as mãos, os dedos na boca outra vez.
Uma borboleta amarela arrasta as ondas ao mar. Assim é que também é, ele espera, ela leva… 
buscar a palavra de mar…
Sun waves and salt, o quente lastro da camiseta molhada.
A escrita na areia, foi um dia escrita… Se escrever o menino, as asas, a borboleta, a luz no tom das horas sem relógio, quanto tempo até o mar levar?
Para onde não importa…

RJ - Junho, agosto 2025