Procura-se: Gente que conta história de vida no elevador. Ofertam-se: Sonhos trocados num sorriso cruzado na rua, rabos de cachorro balançando, bebês babando gargalhadas, beija-flores. Histórias de motorista, CD e música francesa. Viagem feita até o supermercado. Procuram-se: Com urgência. Sinais de amor na fila do pão, na livraria, na padaria, no bar da esquina, em frente ao futebol da televisão. No cruzamento, no outro bairro, fora da zona sul, nos sacos de supermercado, na fila, na porta, no poste. Procura-se: Leitura de poesia em metrô, no ponto de ônibus, no carro enguiçado, no pneu furado, no acostamento. Na voz em alto, no engasgo, no sem palavras, nas palavras datilografadas, nas letras erradas, nos tropeços do asfalto. Procuram-se: Com urgência. Vozes serenas unidas num grito até que os muros caiam, até que mísseis se desfaçam, até que as multidões possam caminhar sem margens, sem fronteiras. Até que sejam banidos os documentos como limites. Até que todos os documentos sejam papéis rasgados, apenas. Procuram-se: Filosofias que ensinam amor… pelo outro, pelo todo outro. Procura-se: Quem responda ao anúncio da compra de vinis. Procura-se: Quem responda ao anúncio. Ofertam-se: Versos invisíveis, encontros filosóficos que acontecem nas sextas-feiras, locais sem paredes onde sonhos são considerados adultos, idas à feira como presença, atenção aos acasos e mundos. Procuram-se: Braços sensíveis dispostos a trabalhar na remoção das falsas ilusões e aptos para estender caridades conscientes de que não estão nelas as resoluções. Procuram-se: Adultos dispostos a assumir as próprias responsabilidades. Procura-se: Pessoa que já tenha percebido que as velhas falas dicotômicas nada mudaram na busca de um caminho diferente do que está posto. Ofertam-se: Ouvidos que se entregam a máxima de que só o amor (não o corrente)... Só o amor sentido pela pele do outro.... Só este amor pode salvar o mundo. Procura-se: Pessoa que acredita que outro mundo é possível. Procuram-se: Pessoas interessadas em fazer diferente. Procuram-se: Corações batendo abrindo caminhos. Acredita-se: No amor de quem perde, entrega o tempo, a face, os braços, o ar. Porque o tempo com versos - todas as formas dele - vale mais do que o tempo das balas duras de aço e de ameaças, vale mais do que o tempo dinheiro, vale mais do que o centro do eu. É urgente, já dizia o poeta… RJ - 21.06.25 - 28.06.25